sobre a simplicidade

cheguei de viagem hoje.

e não vou falar aqui da viagem. mas de uma ligação. cheguei e liguei para a minha mãe. mas ela está viajando, fazendo um treinamento do trabalho dela. ainda assim, sentia a necessidade de ligar para alguém da minha família e dizer "alô, estou viva!"

liguei para os meus avós maternos. eles sempre gostam de saber quando a gente chega, seja em que lugar for. meu avô perguntou se aprendi russo, falei que só sabia falar obrigado e ele já achou bom. passou o telefone para a minha avó, que, num rápido interrogatório, quis saber se estava tudo bem, como tinha sido a viagem e como estava o meu namorado.

depois, começou a me contar a história de que havia plantado no quintal uma árvore que dá uma fruta chamada noni. falou durante uns 10 minutos sobre a fruta, os benefícios para o organismo, contou que tinha contratado um homem para plantá-la e que daqui 6 meses já dá para comer a fruta. estava tão empolgada com a árvore, que fez a minha viagem de 12 dias para a europa parecer fichinha perto da história dela.

eu amo esse tipo de simplicidade.

dessas que fazem as coisas serem boas, mesmo quando pequenas. serem um espetáculo a ser admirado, mesmo que leve 6 meses para isso. coisas simples, que acontecem em volta da gente e que meus avós ainda percebem, mesmo depois de anos as vendo repetir. mesmo que seja uma árvore.

eu gosto desse tipo de simplicidade... e queria ter ela comigo sempre.

Um lugar para a tristeza

sábado, 8 de maio de 2010 17:48 Postado por Carina Dourado 0 comentários
O fato você já sabe: o Fernando se matou.

E eu fiquei lembrando com ironia daquela música do Legião "ela se jogou da janela do quinto andar, nada fácil de entender".

Em Goiânia, era fato: eu tinha mais amigos com depressão. Gente que às vezes ficava dias sem sair de casa porque estava mal. Respeitavam a dor. Mas nunca vi ninguém se suicidar.

Aqui, não vejo ninguém falar que tem depressão. Na verdade, você assumir que está triste é quase um atestado de óbito. Geralmente (e quando digo isso, é porque já me preocupei),  a minha tristeza não me incomoda. Sei respeitar minhas fases - alegria, tristeza, desânimo. Não forço. A vida é assim, de fases.

Mas aqui, estar alegre é lei. Você sai e só vê gente que se diz feliz. Isso me perturba um pouco. Não por não gostar da felicidade alheia. Mas porque às vezes soa forçado. E na maioria das vezes a gente acredita.

E se não falam, restam os sinais. E eles parecem ser tão difíceis de se notar! Difícil imaginar os problemas, aflições, mágoas, sofrimentos.

Me lembro quando você voltou da Espanha e estava sofrendo. Teve seus momentos de reclusão. De solidão. De não querer falar nada com ninguém. E eu respeitei. Apesar de que muita gente não.

Porque aqui é inconcebível estar triste.
Mas é lei ser feliz.

E isso, nem sempre, é bom.

Imaginar o corpo dele estirado no chão me faz ter certeza disso.