Mas preciso parar de pensar assim. Estou no lugar que deveria estar porque essa é só uma vida e pronto. Eu posso sair daqui a hora que quiser e só não saio porque tenho um emprego que me paga bem. Tenho um apartamento que gosto. Tenho conforto. E um menino lindo do meu lado que conseguiu arrumar um emprego aqui para ficar comigo.
Se eu quiser (e se ele topar), a gente joga tudo isso para cima e vai embora.
Engraçado é que eu tenho a sensação de que ainda vou morar fora daqui, num lugar que dê para fazer tudo o que você fez e sente falta. Mas não agora. Talvez, mês que vem, quem sabe?
(engraçado também porque quando morei em Goiânia, tinha a mesma sensação, de que ia voltar pra cá)
Mas neste exato segundo, eu estou aqui. De frente para uma janela que me dá uma amplitude tão grande. Sentada depois de fazer almoço do jeito que eu tenho que comer, com muita coisa natural, tomando uma xícara enorme de chá e vendo o céu tão lindo.
Se eu não posso estar ali, onde queria, tenho que me agarrar, por enquanto, nas coisas boas. Sabe o que acho estranho? Voltei a gostar de Brasília. De coisas pequenas, mas estou fazendo as pazes com a cidade - o que a torna menos cruel de se morar.
Ainda bem que moro aqui nessa fase. Achei um médico que está me investigando por completa. Tem lojas que vendem coisas que achei que não poderia comer mais por restrições alimentares. Tenho academia no meu prédio (mesmo que eu nunca tenha descido pra lá pra fazer exercício). O salário que eu ganho, aguentando o que eu aguento todos os dias - gente gritando, desrespeito, fofoquinhas e blablablás - consigo fazer o que gosto. E ainda sobra dinheiro!
Então é isso.
Eu me estipulei isso (apesar de não ser nada disciplinada): vou tentar achar coisas boas por aqui. Porque preciso, questão de sobrevivência.
Mas, claro, sem deixar de sonhar com um lugar onde as pessoas dão livro umas para as outras em datas especiais. Ou façam flashmobs no metrô.
Eu sei que tem lugar melhor para ir... e um dia, eu vou.